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Mensagens

Instrumentos de avaliação política — imperfeitos mas úteis!

Muitas vezes quando se fala de política, a maioria das pessoas diz “ah eu não ligo a isso”. E, muitas vezes, isto é muito diferente daquele sentimento de distanciamento que os maus políticos criam na sociedade. Muitas vezes é uma expressão de um sentimento genuíno de não conhecer o funcionamento dos sistemas políticos e a identidade dos partidos. Ou de conhecer apenas o discurso e ciência política da televisão. Há muitos mais eixos de caracterização do que os dois (ou três) que os quizzes mais populares apresentam. Por Espíritu nocturno [CC0], retirado do Wikimedia Commons Neste contexto, os instrumentos de avaliação política procuram resolver essa questão num sistema de profiling . Através de perguntas e respostas, tentam ver a que grupo é que uma pessoa mais se identifica, quer isto ocorra de forma local, regional ou internacional. Alguns exemplos destes instrumentos são o   political compass , o Political Typology Quizz ou, dos que mais gostei de fazer, o I side wi...

Infineon: making life easier, safer and greener

A empresa alemã focada na produção de semicondutores, altamente orientada para a área da novas tecnologias, desenvolve os seus produtos para os mercados da indústria automóvel, energias renováveis, controlo de energia industrial, chip-card e segurança. Joana Marques (Directora Geral da Infineon Technologies Shared Service Center - IFSSC), partilha que a organização está a alinhar a sua estratégia com o dia de amanhã, o investimento recentemente aplicado na produção de "chips" que permitem maior interação entre o ser humano e a máquina, como por exemplo comunicar e controlar remotamente electrodomésticos ou maquinaria industrial através de aparelhos móveis, de uma app, tem sido a palavra de ordem. A IFSSC nasce em 2003, no Porto e é resultado da centralização dos serviços administrativos de suporte à atividade produtiva. Este modelo de negócio pioneiro consolidou-se com sucesso e há, de facto, ganhos de produtividade e eficiência porque existe um esforço concentrado ...

Let’s TED talk

As TED Talk são cada vez mais um evento adorado pelas mais diversas faixas etárias à volta do mundo. Conferências realizadas pela fundação Sapling, sem fins lucrativos, cujo intuito e principal objetivo é ajudar a abrir mentes, confrontar ideais, dar luz a assuntos tabu e fazer de cada conferência um brainstorming de ideias, conceitos e visões do mundo, tal como se autodescreve o próprio slogan “Ideas worth spreading”. No passado dia 14 de abril realizou-se na Casa da Música, no Porto, o TEDxPorto 2018 (x = ” independently organized TED event”). Como qualquer outro evento do género, a conferência aludiu em torno de um tema central: “É natural?”, que este ano contou com 16 oradores que nos levaram numa viagem entre os prós e contras do natural e do artificial, numa visão dividida em quatro segmentos: “um outro olhar, um outro pensar, um outro ser, um outro futuro”. O evento arrancou com a psicóloga Simone Costa, que relembrou a sua infância e o contacto com a natureza e o ar ...

“A Grande Vaga de Frio”

Para quem já alguma vez leu Virginia Woolf, não estranha tanto a confluência de identidades, pensamentos e enredos num só corpo de texto. O mesmo acontece com a dramaturgia “A Grande Vaga de Frio”, inspirada na obra “ Orlando” publicada em 1928. Quem dá voz ao monólogo é Emília Silvestre que atua num cenário minimalista e frio, com as raízes e o tronco parcial de um carvalho suspensos no meio do palco. Convém referir, antes de partir para possíveis interpretações, que a peça atravessa a era vitoriana, de repressão puritana, até aos incipientes movimentos feministas, que, no início do século XX, já concretizavam alguns dos seus objetivos, como o direito ao voto. A obra desenrola-se desde o século XVI até ao início do século XX abordando, com sensibilidade, temas como a emancipação feminina, a homossexualidade e a androginia. O conservadorismo patente na sociedade da época, e suas tradições, permitem-nos compreender a sua vertente polémica. Seria, por isso, impensável, à luz da ...

Orgulho e preconceito

“ É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, na posse de uma boa fortuna, precisa de uma esposa”. Publicado em 1813, “ Orgulho e Preconceito ” centraliza a sua história no amor que quebra preconceitos e une diferentes classes sociais. Elizabeth Bennet é uma das cinco filhas de um proprietário rural de Meryton, uma cidade fictícia nos arredores de Londres. Inteligente, determinada e impulsiva, Lizzie, como é carinhosamente tratada pelas irmãs, é-nos apresentada como uma jovem progressista e de opiniões fortes que precisa de lidar com os problemas existentes na sociedade inglesa da época. Apesar de saber que as possibilidades de ascensão social de uma mulher se limitavam a um bom casamento, Elizabeth é movida pelo amor, acreditando que apenas este a poderá levar ao altar. Conhece Fitzwilliam Darcy numa festa local, onde a sua arrogância a faz, quase de forma imediata, desenvolver uma ideia pré-concebida sobre ele. Estereótipo de um lorde inglês, Darc...

A visão de um hétero ao “Call me by your name”

Há momentos em que nos questionamos se nos vamos arrepender ou não de ter uma mente aberta! Um deles foi quando tive a ideia de assistir ao filme “ Call me by your name” , vencedor do Óscar para melhor roteiro adaptado em 2018. Como acredito que nos devemos colocar constantemente em situações inesperadas e diferentes da rotina a fim de nos desenvolvermos pessoalmente, decidi assistir a um filme com um enredo homo afetivo. Por que não? Ainda por cima, uma fonte de confiança tinha-me assegurado que não haveria cenas sexuais explícitas ou, como eu gosto de chamar, “ poucas vergonhas” . E são “ poucas vergonhas” independentemente de serem homo afetivas ou não! Em primeiro lugar, acho que é importante descrever brevemente o enredo. No nordeste de Itália, reside uma família com um filho adolescente, Elio. O pai é um arqueólogo de profissão que acolhe estudantes estrangeiros em regime de intercâmbio. Ora, este ano, o estudante é um judeu americano, “ outgoing” e culto. Oliver. A relaç...

A Insustentável Leveza do Ser

Se Kundera e Nietzsche tivessem tido oportunidade de tomar um café e conversado sobre a vida, o resultado teria sido provavelmente algo semelhante à “A insustentável leveza do ser”. Por essa razão alerto desde já para a minha incapacidade, enquanto mera mortal, de fazer jus ao que é provavelmente a obra-prima de Milan Kundera. Não obstante, aqui ficam algumas reflexões. O que torna este livro único é a sua capacidade de juntar filosofia, política e história num único romance. Partindo do conceito de Eterno Retorno , de Nietzsche, passando pelo Existencialismo, de Sartre , a té à filosofia pré-socrática, de Parmênides, Kundera explora a complexidade do ser humano. À vertente filosófica e altamente refletiva junta-se o pendor histórico e político que serve de pano de fundo ao romance. Toda a narrativa se desenrola entre 1968 e 1980, período da Primavera de Praga, em que a União Soviética invade a Checoslováquia. É nesta conjuntura conturbada, que se desenrola a ação das quatro p...

Fepianos no País das Maravilhas

“Alice: «Would you tell me, please, which way I ought to go from here? » «That depends a good deal on where you want to get to, » said the Cat. «I don’t much care where - », said Alice. « Then it doesn’t matter which way you walk, » said the Cat. « - so long as I get somewhere, » Alice added as an explanation. «Oh, you’re sure to do that, » said the Cat, « if only you walk long enough. »” - Lewis Carroll, Alice in Wonderland Muitos de nós não sabemos que caminho queremos seguir. Ser presidente executivo ou político? Alcançar o topo de uma qualquer profissão? Ganhar mais dinheiro ou exercer uma atividade que nos faça sentir realizados? A verdade é que não existe uma resposta certa. Definir que caminho seguir desde tenra idade é talvez a tarefa mais difícil com que somos confrontados. O fardo de escolher um trajeto é demasiado pesado, tendo em conta todas as mil e uma possibilidades de vida que somos forçados a deixar para trás. Estudar na FEP, apesar do mai...

Esta é a Voz…

Desde os primórdios da civilização que o ser humano mostra necessidade de expor cenicamente os seus dramas pessoais e vicissitudes existenciais. É também, pela sua natureza, um ser que é insatisfeito, tentando diariamente testar os seus limites aos mais variadíssimos níveis. A simbiose destes elementos traduz-se na criação de reality shows , programas televisivos fast food , de consumo instantâneo e de satisfação momentânea. São programas com um nível cultural baixo, que pretendem captar a atenção dos espectadores através de tarefas e desafios propostos aos participantes que desencadeiam reações, atitudes e conflitos entre eles. Arriscar-me-ia a dizer que um reality show  é, à semelhança da experimentação em animais irracionais, um método de análise comportamental através da aferição de reações em situações e contextos variados. Será este formato de programa tão diferente de testar um fármaco num “ratinho”? Existe alguém a manipular a experiência de parte a parte, contudo, n...

A elitização da informação

É incrível como tanto pode mudar em tão pouco tempo. Há 44 anos, lutava-se por liberdade, combatia-se pelo direito a manifestar opinião e um dos luxos mais exorbitantes era o acesso ao conhecimento. Em Portugal, a revolução de 1974 abriu pela primeira vez as portas ao pensamento crítico e à liberdade de expressão. Contudo, a meu ver, a rapidez deste processo de emancipação provocou alguns efeitos nocivos e indesejados. Infelizmente, é da natureza humana tomar por garantido aquilo que tem, deixando de lhe dar o devido valor. Dirijo-me em especial à minha geração. Muitos de nós, como é o meu caso, têm pais que queriam ter prosseguido os estudos, mas que apenas concluíram a quarta classe obrigatória e foram obrigados a trabalhar a partir de tenra idade. Vejamos o exemplo da educação. Antigamente era vista como um privilégio. Só quem provinha de uma família abastada tinha acesso a formação. Hoje em dia, ir à escola é encarado como um trabalho indesejado que ninguém quer fa...