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Fepianos no País das Maravilhas

“Alice: «Would you tell me, please, which way I ought to go from here? »
«That depends a good deal on where you want to get to, » said the Cat.
«I don’t much care where - », said Alice.
« Then it doesn’t matter which way you walk, » said the Cat.
« - so long as I get somewhere, » Alice added as an explanation.
«Oh, you’re sure to do that, » said the Cat, « if only you walk long enough. »”

- Lewis Carroll, Alice in Wonderland

Muitos de nós não sabemos que caminho queremos seguir. Ser presidente executivo ou político? Alcançar o topo de uma qualquer profissão? Ganhar mais dinheiro ou exercer uma atividade que nos faça sentir realizados?

A verdade é que não existe uma resposta certa. Definir que caminho seguir desde tenra idade é talvez a tarefa mais difícil com que somos confrontados. O fardo de escolher um trajeto é demasiado pesado, tendo em conta todas as mil e uma possibilidades de vida que somos forçados a deixar para trás.


Estudar na FEP, apesar do maior orgulho, não nos ilumina o caminho. Um ensino da velha guarda, rigoroso e analítico, conservador e matematicamente trabalhoso é ideal para quem tiver a coragem de seguir uma carreira de economista “puro”. Um profissional exímio na arte da ciência económica capaz de integrar quadros de entidades tão criteriosamente elaboradas quanto a profissão exige, como a CMVM e o Banco de Portugal. Por outro lado, esta casa brinda-nos com um espírito associativista como em pouco lado vemos em Portugal. Organizações geridas por estudantes, para estudantes, capazes de mover massas, iniciar movimentos e criar mudanças duradouras nas nossas comunidades abrem-nos portas para um mundo de relações interpessoais e de gestão emocional igualmente extraordinário que nos prepara para um mercado de trabalho cada vez mais global, mais rico emocionalmente, mais humanizado. Este é o ponto central que vivemos na FEP, a diversidade gera indecisão numa escolha para a vida.

“Quanto tempo dura o eterno?”, questionou Alice. “Às vezes apenas um segundo”. A indecisão não pode ser eterna. A indecisão não pode ser a decisão! Todos os segundos contam enquanto estamos indecisos, pois todos os segundos são oportunidades que perdemos de dar o passo fulcral na direção certa. Ficar indeciso é andar em círculos. Ficar indeciso é deixar que escolham por nós, o que é sempre pior do que uma escolha errada.

Ninguém se torna astronauta por acaso. Tal como ninguém se torna executivo ou político por mera sorte. Investigadores da revista Success fizeram várias perguntas à turma de 1953 de Yale, três das quais abordavam a questão dos objetivos: “Definiu objetivos?”, “Transcreveu-os para papel?”, “Tem um plano para os alcançar?”. Apenas 3% daquela turma do curso tinham colocado os seus objetivos por escrito, com um plano de ação para os atingir. 13% tinha objetivos e os restantes 84% não tinham qualquer objetivo a não ser “divertir-se”. Em 1973, a mesma turma foi questionada. Os 13% que tinham objetivos definidos estavam a ganhar, em média, o dobro dos restantes 84%. O mais surpreendente é que os 3% que tinham objectivos com um plano definido para os alcançar estavam a ganhar, em média, dez vezes mais dos que os restantes 97%.

A Constituição de um país é o conjunto de normas que regem um Estado, essa constituição define uma nação. A constituição dos Estados Unidos da América (com mais de 200 anos) é o documento que o presidente concorda defender quando faz o juramento presidencial. Uma empresa, ONG ou entidade possui estatutos. Esses estatutos definem a missão social da organização. A forma mais eficaz para traçar um caminho é redigir uma declaração de missão pessoal que espelhe os princípios de tudo o que fazemos. Podemos dizer que uma declaração de missão pessoal é a Constituição do indivíduo, que define o que ele é e, mais importante ainda, o que ele ambiciona vir a ser. A base que permite que enfrentemos traumas gigantescos. Utilizando a nossa consciência, fazendo uma introspeção profunda, descobrimos os nossos superpoderes e áreas onde podemos contribuir tornando a FEP num meio para alcançarmos os nossos objetivos e não mais uma barreira à escolha.

“Entende os teus medos, mas jamais deixe que eles sufoquem os sonhos”, Lewis Carrol em Alice no País das Maravilhas.

José Diogo Santos

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