Para
o comum dos mortais, o dia dos namorados é um dia em que vão ao cinema juntos.
Para os solteiros, os planos são mais simples: ficar em casa e agir como se
este dia fosse mais um dia vulgar. Para o casal que vos apresento, o dia de S.
Valentim é o dia em que recordam a sua história, que merece ser contada.
Isaac
e Rosa Blum apaixonaram-se há 76 anos num gueto ocupado por nazis, na Polónia.
Desde então, nunca mais se separaram. No momento que em que eles e outros
judeus estavam a ser escolhidos e levados para campos de concentração, ele
aproximou-se de um alemão e conseguiu convencê-lo de que era irmão dela, mesmo
sabendo que namoravam. Por sorte, a mentira passou despercebida e conseguiram
ficar.
Sobreviveram
a todos os momentos insidiosos do Holocausto a trabalhar numa fábrica de
munições. Quando as suas famílias e outros 5 mil judeus morreram, foram
enviados para outro gueto mais pequeno. Lá, conseguiram casar-se às escondidas
pela primeira vez, sempre com a sua mentira sem ser descoberta. Esconderam
assim o seu relacionamento durante toda a Segunda Guerra Mundial.
Não
sabiam se iam continuar vivos, mas sabiam que queriam continuar juntos. Foi
esse o segredo para conseguirem passar por momentos tão difíceis. A Sra. Rosa
Blum ainda tem pesadelos com esses dias de tortura, mas ele está lá para a
acalmar.
Casaram-se
pela segunda vez na Áustria, com alianças emprestadas, depois de serem
libertados, no fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Passado algum tempo,
conseguiram comprar alianças reais com uma moeda de prata que esconderam
durante meses. Nunca mais as substituíram.
Mas não ficaram por aqui. Casaram-se
uma terceira vez quando se mudaram para a Argentina, onde tiveram dois filhos.
Dali mudaram-se para Nova Iorque onde abriram o seu próprio negócio no ramo do
comércio de peles.
Quando
lhe perguntam como é que teve coragem para arriscar a sua vida ao
abordar o nazi naquele dia de 1942 e mentir-lhe, o Sr. Isaac Blum responde com toda
a certeza: “eu queria ficar com ela”.
Agora,
ele com 95 anos e ela um ano mais nova, podem dizer que viveram um amor
impossível e passaram os seus dias lado a lado, como tanto queriam.
Francisco
Carneiro

Comentários
Enviar um comentário