Usamos quotidianamente este
instrumento de comunicação oral e escrita e nem nos questionámos acerca da sua
natureza e origem: a palavra, a linguagem. Padecemos amiúde de superficial
noção do verdadeiro significado das palavras que usamos quer numa interacção
com alguém quer numa folha de papel. Em Programação Neurolinguística,
incorremos numa nomalização quando
incluímos no nosso vocabulário conceitos como aventura, amor, vida, sucesso, …
Isto é, são palavras vagas que encerram uma panóplia possível de significados e
matizes consoante a experiência subjectiva dos interlocutores.
A ciência que estuda o modo como
usamos os símbolos e os caracteres para gravarmos certas realidades é a Semiótica.
Arbitrariamente definimos um sistema codificado para comunicarmos o melhor
possível uns com os outros, tentando transmitir ao outro a nossa multitude de
desejos, emoções percepções visceralmente
adquiridas. E o processo implica, por vezes, alienação e frustração dada a
sua limitação. Segundo Nietzsche, a linguagem é uma metáfora.
Todos os fenómenos vivos são
processos ecológicos na medida em que se desenvolvem e reagem de modo sistémico
aos vários constituintes de um dado meio ambiente. A língua, por exemplo, como
fenómeno vivo susceptível ao crescimento e mutação é indissociável da cultura,
do povo, do clima, da geografia em que emerge. Imagine-se, portanto, a
limitação e da eventual erosão da qualidade literária quando lemos livros
traduzidos para a respectiva língua materna! Naqueles empreendimentos
intelectuais colossais assumidos por inóspitos humanos, Will Duran no seu “The
Story of Civilization” afirma que a escrita surge, em primeiro lugar, como
necessidade de registo quotidiano económico (registo de transacções económicas)
e evolui para a literatura (estágios elevados culturais).
Da transversalidade do uso da
linguagem nas interacções quotidianos até ao seu expoente como arte (poesia e
literatura), a palavra surge como fim ou meio para alcance de um fim a si
distinto? Devíamos valorizar a precisão e parcimónia da linguagem que empregamos
ou o embelezamento cosmético e estético do que queremos transmitir, recorrendo
a figuras de estilo que, por exemplo, estendem os limites da linguagem e
desafiam o seu âmbito?
Herança cultural: devíamos
devotar tempo de estudo, foco e energia a compreender o mecanismo da linguagem para
mais eficazmente comunicarmos e para não nos enredarmos num emaranhado de
palavras e discussões improdutivas. A linguagem como esforço de aproximação ou
compatibilização dos mapas mentais distintos de cada um.

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